Diagnóstico de esclerose múltipla (EM): Critérios de McDonald revisados em 2017

03/04/2024 12:00

Os critérios atuais para o diagnóstico de esclerose múltipla (EM) com base na ressonância magnética (RM) foram atualizados nos Critérios de McDonald revisados em 2017. Esses critérios são utilizados para integrar achados clínicos e de imagem, permitindo um diagnóstico mais precoce e preciso da EM. Eles enfocam a demonstração de disseminação de lesões no tempo (DIT) e no espaço (DIS) no sistema nervoso central. Abaixo estão os principais pontos relacionados ao uso da RM para o diagnóstico de EM:

Critérios de Disseminação no Espaço (DIS)

Para satisfazer os critérios de DIS na RM, devem estar presentes lesões em pelo menos duas das quatro áreas típicas do sistema nervoso central:

  1. Lesões Periventriculares: Uma ou mais lesões periventriculares.
  2. Lesões Corticais ou Juxtacorticais: Uma ou mais lesões corticais ou juxtacorticais.
  3. Lesões Infratentoriais: Uma ou mais lesões infratentoriais (podem incluir lesões no tronco cerebral).
  4. Lesões na Medula Espinhal: Uma ou mais lesões na medula espinhal.

Critérios de Disseminação no Tempo (DIT)

Os critérios de DIT podem ser satisfeitos por qualquer um dos seguintes achados na RM:

  1. Presença de Lesão(es) Gd-Positiva(s) e Lesão(es) Gd-Negativa(s) em qualquer momento. Se uma RM de seguimento for realizada, uma nova lesão Gd-positiva (com contraste) em comparação com uma linha de base (sem contraste) satisfaz o critério, independentemente do tempo entre as RM.
  2. Presença de uma nova lesão T2 ou FLAIR em uma RM subsequente, independentemente do uso de contraste, comparada a uma RM de referência.

Outros Aspectos Importantes

  • Lesões Sintomáticas: Lesões associadas a um surto clínico não devem ser contadas ao aplicar os critérios de DIS se elas estiverem na mesma localização do surto clínico.
  • Lesões Corticais: As lesões corticais são incluídas como parte dos critérios de DIS.
  • Lesões na Medula Espinhal: Uma lesão na medula espinhal pode ser contada para DIS, e a presença de uma lesão medular longitudinalmente extensa (≥3 segmentos vertebrais) é sugestiva de espectro da neuromielite óptica (NMO), mas não exclui o diagnóstico de EM.

Os Critérios de McDonald revisados em 2017 permitem o diagnóstico de EM na primeira apresentação clínica em pacientes com sintomas típicos e achados de RM consistentes com a doença, reduzindo a necessidade de aguardar uma segunda manifestação clínica. É importante notar que o diagnóstico de EM deve ser feito com cautela, considerando não apenas os critérios de RM, mas também o quadro clínico e outros exames complementares, para excluir outras possíveis causas para os sintomas e achados de imagem.