Labirintite Ossificante

08/09/2020 23:08

LABIRINTITE OSSIFICANTE

 

Você sabia que a nossa orelha interna pode ossificar, levando a uma perda de acuidade auditiva neurossensorial irreversível?

Pois sim! O nome desta patologia é labirintite ossificante!

Ela ocorre normalmente secundária a um insulto prévio, que pode ser um traumatismo, procedimento cirúrgico ou, mais comumente, devido a um processo inflamatório crônico da orelha média (otite média crônica), quando a labirintite ossificante é chamada de “timpanogênica”! Acredita-se que o mecanismo de instalação seja uma resposta mal modulada do organismo a um processo inflamatório adjacente. De início, há uma substituição por tecido do tipo fibroso no interior da cóclea, vestíbulo e canais semicirculares. Com o tempo, começa a surgir aumento da densidade nestas estruturas com presença de calcificação ou ossificação.

Pacientes com perda auditiva neurossensorial com história de otites, trauma de osso temporal ou procedimentos cirúrgicos na região podem estar sofrendo deste problema.

Os clínicos, otorrinolaringologistas e radiologistas devem, portanto, estar familiarizados com a condição e preparados para fornecer o diagnóstico correto.

O exame de escolha para o diagnóstico normalmente é a tomografia computadorizada focada dos ossos temporais, com imagens de alta resolução. A análise cuidadosa deste exame por um especialista permite a detecção, ainda que muitas vezes sutil, do processo de ossificação do larbirinto membranoso.

Para ilustrar, preparei uma imagem tridimensional da orelha interna, esta através de ressonância magnética, onde demonstro a anatomia da cóclea, vestíbulo e canais semicirculares (figura 1).

Imagem de tomografia computadorizada de uma cóclea normal (figura 2).

Imagem de tomografia computadorizada de uma cóclea com ossificação parcial da espira basal (figura 3). Reparem no aspecto de “apagamento” da estrutura, fica mais fácil de notar a diferença quando comparamos com o normal! Como curiosidade, quando a espira basal é afetada, temos dificuldade em discriminar os sons agudos!

Espero que tenham gostado da dica!

 

Túlio Becker Hainzenreder

Membro Titular do Colégio Brasileiro de Radiologia

FIGURA 1

FIGURA 2

FIGURA 3